Faculdade de Educação Física e Desporto (FEFD)
URI permanente desta Comunidade:
Navegar
Explorar Faculdade de Educação Física e Desporto (FEFD) por autor "Pessula, Pedro António"
A mostrar 1 - 2 de 2
Resultados por página
Opções de ordenação
Documento Concepções do Corpo na Educação Física em Moçambique: Um estudo de caso com professores das escolas secundárias(2010) Pessula, Pedro António; Moreira, Wagner ; Muria, ÂngeloAo longo do tempo, conhecer o corpo significava invadi-lo em sua intimidade e, nessa invasão, era permitido manipulá-lo de todas as formas como se tratasse de uma máquina. Ao ser comparado como uma máquina, o corpo recebe uma educação que considera apenas o seu aspecto mecânico, desprovido de sentimentos, emoções e desejos o que significa o não reconhecimento da intencionalidade do movimento humano. Esta concepção do corpo tem influências na área de Educação Física, visto que, a ideia de corpo fragmentado, corpo considerado como um objecto passível de ser manipulado, de ser dividido em partes para um processo analítico está presente nas nossas aulas. Fundamentamos este nosso argumento, o facto dos conteúdos de Educação Física serem repetições mecânicas de gestos e movimentos desportivos que consideravam apenas os parâmetros físicos em detrimento dos aspectos afectivos, sociais, cognitivos e culturais. No nosso estudo, pretendemos reflectir sobre as concepções do corpo dos professores de Educação Física e o trabalho com o corpo do aluno durante a sua acção pedagógica. Para alcançar os nossos propósitos, realizamos uma pesquisa qualitativa com enfoque na abordagem fenomenológica para entendermos as concepções de corpo e sua relação com a acção pedagógica na Educação Física em Moçambique. A pesquisa bibliográfica foi efectuada para compor a matriz teórica sobre o corpo, corpo e educação física, corporeidade e formação de professores. Os programas da disciplina de Educação Física e dos cursos de formação, forma analisados através da pesquisa documental para verificarmos como é tratado o corpo. A pesquisa de campo foi com base nas entrevistas aos professores de Educação Física e a observação das aulas. O estudo foi realizado em 10 escolas secundárias envolvendo 18 professores. Os discursos dos professores foram analisados com base na análise de conteúdo, com base na técnica de elaboração e análise de unidades de significado, adaptado e validado para Educação Física por Moreira, Simões e Porto (2005). Os resultados do nosso estudo mostram que os professores, entendem o corpo na perspectiva anatómica (44,4%), corpo como máquina (38,9%), corpo e alma (16,7%), corpo como um todo (11,1%) e corpo objecto de rendimento (5,6%). Em relação à acção pedagógica, os professores afirmaram trabalhar com o corpo na perspectiva de rendimento (50,0%), saúde (44,4%), lazer (16, 7%), estética (11,1%) e corpo dócil (5,6%). Face a estes resultados, concluímos que os professores concebem o corpo na perspectiva biológica e mecanicista e trabalham com o corpo do aluno de forma fragmentada, procurando atingir o melhor rendimento e perspectiva boa saúde.Documento O CURRÍCULO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E O CORPO: AS VOZES E AS PRÁTICAS DOS/AS(2023) Pessula, Pedro António; José, ÂngeloEsta tese foi resultado de uma pesquisa sobre o Currículo de Educação Física na qual se procurou compreender a ideia do corpo e sua relação com as teorias curriculares a partir dos documentos oficiais, dos discursos e das práticas de professores/as. Por conseguinte, partiu-se da inquietação segunda a qual em que medida o Currículo de Educação Física do Ensino Primário em Moçambique ainda é moldado pela herança epistemológica colonial a partir das relações de poder e da construção da identidade das crianças bem como os/as professores/as constroem e implementam o currículo no chão da escola. A tese teve como campos de inspiração as teorias pós-críticas na perspectiva do Multiculturalismo Crítico (MCLAREN, 1997; HALL, 2013) alicerçado nas Epistemologias do Sul (SANTOS e MENESES, 2010) e no Pós-colonialismo (BHABHA, 2013; SAID, 2007). O estudo foi realizado na Escola Primária dos “Cajueiros” que se localiza na Cidade da Matola, Província de Maputo. Fizeram parte da pesquisa quatro professores e uma professora que leccionam as aulas de Educação Física na 6ª e 7ª classe. Para a recolha de dados usaram-se como técnicas a entrevista, a observação de aulas de Educação Física e a análise documental. Para análise do Plano Curricular do Ensino Primário, dos Programas de Educação Física e das entrevistas recorreu-se aos procedimentos das pesquisas pós-críticas sugeridos por PARAÍSO (2014), designadamente: (a) a decomposição, para desmontar o que foi identificado, reunido e agrupado; (b) desmontagem, para decompor o que foi actualizado e fixado; (c) remontagem, para produzir outros sentidos e (d) recomposição, para encontrar possíveis ressignificações. De seguida, o material recolhido foi confrontado com as perspectivas teóricas curriculares e com as concepções de corpo. Os resultados da pesquisa indicam que: (1) os documentos apresentam os desportos eurocêntricos e estadudinenses como temas dominantes e foram hierarquicamente definidos de cima (MINEDH) para baixo (escolas); (2) os programas apresentam perspectivas curriculares tecnicistas (educação desportiva e educação física para saúde) e visão de corpo máquina e corpo saudável e (3) nas narrativas e práticas dos/as professores/as imperam as noções de corpo máquina, corpo biológico e as de currículo de Educação Física para Saúde, Educação Física Desenvolvimentista, Educação Desportiva e Educação Física Psicomotora. Da pesquisa compreendemos que os programas de ensino e os relatos dos/as professores/as consubstanciados pelas aulas observadas apresentam um desenvolvimento de um currículo híbrido na medida em que os/as mesmos/as professores/as usam várias perspectivas curriculares aliados à visão de corpo biológico e corpo-máquina, o que pressupõe o supremacia de teorias curriculares tecnicistas no currículo moçambicano. Igualmente, percebemos que os/as professores/as constroem as identidades de corpo biológico e corpo-máquina dos/as seus/suas alunos/as a partir das práticas corporais que elegem para ensinar.